24 de agosto de 2015

Resenha: A Esperança, de Suzanne Collins

© Elton Cardoso
 Enfim, dei adeus a mais uma saga literária que não me decepcionou nem no começo e muito menos no desfecho da história como um todo. Como em seus antecessores, “A Esperança”, não foi diferente, Suzanne Collins conseguiu criar uma distopia bem traçada e envolvente que prende o leitor logo nas primeiras páginas.

O livro começa a ser narrado a partir de onde parou o anterior, “Em Chamas”, com o resgate da Katniss e alguns tributos, do Massacre Quartenário, e levados ao então extinto Distrito 13, onde ela passa a ficar por dentro de tudo – ou quase tudo – o que os rebeldes estão planejando para tomar a Capital, nisso ela recebe a proposta para ser o Tordo – não consigo me conformar que a Editora Rocco não tenha conseguido uma tradução melhor para o pássaro fictício Mockingjay, que tem uma função muito importante na história além de estampar as capas da trilogia –, e assim alimentar a esperança dos rebeldes de que é possível livrar-se da opressão do governo, e ela acaba aceitando o papel com algumas condições que, de certo modo, beneficiará ela e outras pessoas.

Enquanto isso, ela não mede esforços para resgatar o Peeta, que está sendo torturado pela Capital – creio que isso não é um spoiller, já que no final do livro anterior, os rebeldes não conseguiram resgatar o Peeta, e consequentemente, fica obvio que a Capital o sequestrou e obviamente o torturou, ou alguém imaginou que eles o colocariam em um hotel cinco estrelas com vários mimos? –, e isso torna-se perceptível graças aos anúncios televisivos conhecidos como pontoprops, que além de ser uma forma que a Capital encontrou para dizer que está tudo bem e, assim, impedir que surjam mais rebeldes, é também uma forma de desestabilizar a Katniss, já que no momento ela não pode fazer nada para ajudar seu companheiro nos Jogos. Percebendo que isso esta prejudicando os planos da presidenta do Distrito 13, Coin, em relação à Katniss e Finnick – que também sofre pelo sequestro de sua amada Annie – os rebeldes decidem resgatá-los. Quando a Katniss pensa que tudo voltará aos eixos com a volta de Peeta, descobrimos que ele de fato não é mais o mesmo devido a maneira de como foi torturado. Isso faz com que a Katniss se conforme que ele jamais voltará ao normal o que alimenta sua eterna dúvida: “Quem eu amo? Peeta, meu companheiro nos Jogos que se declarou publicamente para mim, ou Gale, meu melhor amigo e parceiro de caçadas?”. E ela faz do fato do Peeta ter sido torturado pela Capital, algo que a motive se vigar e matar o presidente Snow.

A história atinge seu clímax quando a equipe de rebeldes – da qual a Katniss, Finnick, Peeta e alguns soldados do 13 pertencem – decidem invadir a Capital, o que desencadeia uma série de acontecimentos de tirar o folego.

O final, de fato inesperado, foi o mais próximo possível de um “final feliz” que a autora encontrou para seus personagens, não é algo como “nossa, que final lindo e perfeito!”, mas algo como “eh! Por todas as perdas, sofrimentos e traumas que eles passaram, isso sim, foi um final digno para essa trilogia.”, e que não me decepcionou de nenhuma maneira e nem deixou a desejar.

Como em todas as distopias e um cenário de guerra, há muita violência, opressão da parte do governo, entre outras barbáries. É possível ter uma noção bem ampla de como os governos ditatoriais funcionam. Está presente críticas aguçadas à nossa sociedade atual – o que me fez refletir, de como não devemos agir, para que o então mundo fictício, criado pela Suzanne Collins, não torne-se de fato verdadeiro, já que nossa sociedade esta caminhando para tal acontecimento.

De um aspecto geral, “A Esperança” não decepciona, a tradução é bem feita – exceto, pelo terrível erro ao traduzir Mockingjay para Tordo, então, eu realmente não me conformo com esse infeliz deslize da Rocco –, a diagramação e espaçamento são ótimos. Aborda temas dos quais estamos vivendo atualmente, e gera boas reflexões.




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