© Elton Cardoso |
Como é de praxe nos livros do John Green, em O Teorema Katherine,
temos um nerd como personagem principal. Dessa vez, acompanhamos o Colin
Singleton, um adolescente prodígio que é obcecado em namorar Katherines – todas
escritas exatamente desse jeito –, e em levar um pé na bunda de todas elas.
Após a 19ª Katherine terminar com ele e ficar um tempo “curtindo” a depressão-pós-término-de-namoro, ele decide
junto com Hassan, seu melhor amigo – islâmico, gordo e muuuuito engraçado –,
viajar mundo afora sem um destino certo em mente.
No meio da viagem, o Colin
decide parar e ir visitar o túmulo do arquiduque Francisco Ferdinando, numa
cidade no interior do Tenessee, Gutshot. Lá, ele conhece a Lyndsey Wells, sua
guia turística – que após o Colin sofrer um acidente, viram amigos, e isso não
é spoiller –, e logo depois os amigos dela. Ao conhecerem a mãe de Lyndsey,
Holis, que reconhece o Colin de um programa nada popular de perguntas e
respostas da TV – algo semelhante ao Jogo do Milhão –, e os convida para
trabalhar para ela durante aquele verão. Assim, Colin e Hassan, hospedam-se na
casa – também conhecida como Mansão cor-de-rosa –, de Holis e Lyndsey.
Até praticamente metade do livro, o Colin mostra-se muito chato, e às
vezes, insuportável. Ele faz o tipo: “sou muito inteligente, eu sei disso, todo
mundo sabe disso”. Seus diálogos, são quase sempre monótonos. Mas quando a
história chega quase ao ponto de chatice extrema, o Green colocava o Hassan em
cena, o que me gerava muitas gargalhadas – sério, o Hassan é muito engraçado!
–, e aparecia aquela boa sensação de que vale a pena ler o livro até o fim,
mesmo que o protagonista pareça dizer o contrário. Porém, a amizade dele com a
Lyndsey fazem as coisas mudarem.
O Colin, meio que vai deixando de ser tão chato – não estou tentando
convencer ninguém de que EU achei o personagem chato, o próprio autor, no meio
de sua narração, afirma isso –, e nós, como leitores passamos a conhecer melhor
o personagem e seus motivos que o fazem agir dessa maneira – se você, assim
como eu, afirmar ter um lado nerd, provavelmente encontrará um pouco de si no
Colin, ou não.
Paralelo a isso, o Colin vai desenvolvendo um teorema que prevê,
através da matemática, quem, entre um casal, irá terminar com quem e a duração
desse relacionamento, na esperança que ele saiba quando suas futuras Katherines
irão terminar com ele.
No meio dessa comédia – cuidado ao ler em locais
públicos, pois terá momentos em que será difícil segurar o riso, e a menos que
você seja uma pessoa extremamente mal humorada, leia-o onde quiser oras –, o
John Green nos apresenta vários temas e situações presentes na adolescência
como o bullying, insegurança, romances juvenis, isolamento, preconceito,
aceitação, entre outros. Seus personagens são bem construídos e detalhados,
dando a sensação de que de fato eles existem – essa característica humanista eu
aprecio muito nos livros. E sua narração flui bem e de uma maneira bem
espontânea.
Aliás, já resenhei, os livros A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel, ambos do John Green.
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