3 de dezembro de 2017

Resenha: Outros jeitos de se usar a boca, de Rupi Kaur

@eltonkardoso

Rupi Kaur é uma daquelas autoras que surgiram na internet e ganhou o mundo ao publicar seus textos online. A princípio, Kaur, nascida na Índia, mas que se mudou para o Canadá aos quatro anos junto com sua família, em que, desde pequena, sempre foi estimulada pela sua mãe a desenhar e pintar. Mais tarde, com o uso do Instagram (@rupikaur_) para divulgar os inúmeros tipos de arte, ela decidiu postar seus textos que ganhou muita repercussão, e depois, publicou na Amazon, de forma independente, seu primeiro livro “Outros jeitos de se usar a boca” (Milk and Honey em inglês), que se tornou um dos mais vendidos do site chamando atenção de editoras, fazendo com o que o livro fosse publicado fisicamente e tendo seus direitos de publicação vendidos para vários países, inclusive o Brasil.

Como é de se esperar, conheci o livro no Instagram, ele virou hype e vários perfis literários que eu acompanho passaram a postar fotos da capa e de trechos do livro, até que um dia aleatório, de forma totalmente despretensiosa, peguei meu Kindle e baixei o livro ao seu impactado pelo primeiro poema de OJDSUAB.

O livro tem como público-alvo as mulheres, mas isso está longe de significar que outras pessoas de outros gêneros não possam lê-lo, afinal, arte não tem gênero. Assim, a autora divide o livro em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura. E é simplesmente impressionante, belo, intimista, sensível e devastador a forma em que ela usa seus poemas, ilustrações e prosas para exemplificar cada uma dessas partes, que regem qualquer tipo de relacionamento, principalmente, os amorosos.

É possível sentir a dor da autora ou de seu eu lírico; é lindo e amedrontador como ela descreve o amor; e toda a aflição, insegurança, receios, desesperanças e medos que passamos quando terminamos um relacionamento e estamos nos curando.

Os poemas são como um verdadeiro baque, um tapa na cara de quem está lendo. Por ter um público alvo feminino, haverá poemas relacionados ao universo das mulheres, mas como eu falei acima, nada que impeça a compreensão, interpretação e a prática da empatia de qualquer pessoa que não seja do sexo feminino ao ler o livro de Rupi Kaur.


Fiquei muito surpreso com os textos de Kaur que li o livro todo de uma vez em questão de minutos, e cada vez que ia lendo, mais o efeito mindblowing ia se intensificando. Uma leitura linda, rápida e que pode gerar várias reflexões acerca de temas que ainda hoje são naturais à biologia feminina, porém, vistas como um tabu, e tabus, como o abuso sexual, doméstico e psicológico que algumas mulheres vivem que não devem ser vistos como tabus e devem, cada vez mais, serem discutidos em todos os ambientes sociais, principalmente à mesa de um almoço familiar. 



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