Já começo está resenha dizendo que o motivo pelo qual eu me
interessei em ler o livro foi por pura influência da série de TV produzida pela
Netflix que foi lançada no ano passado.
Assim como a série causou um verdadeiro rebuliço nas redes
sociais na época em que foi lançada, eu assisti a alguns episódios e a história
realmente me prendeu, assim, eu assisti a série enquanto lia (e ouvia) o livro simultaneamente.
E CARAMBA, MEU ODIM! Hoje fico me perguntando como consegui
lidar com tanta informação densa e pesada que a história carrega, mas digo que
não foi fácil!
A história, de autoria do americano Jay Asher, é narrada em primeira pessoa e temos dois
personagens principais, o Clay Jenson e a Hannah Baker. O livro inicia com o
Clay recebendo uma caixa com algumas fitas cassetes e, ao ouvi-las, ele descobre
que pertenciam à Hannah, sua amiga que há pouco tempo se suicidou – isso não é
spoiler, já aparece bem no começo do primeiro capítulo – e que em cada lado das
fitas, 13 lados ao todo, é dedicado à uma pessoa que a Hannah considerava como
um dos motivos que a levaram a cometer suicídio, dessa forma, as fitas deveriam ser
entregues a cada uma das pessoas que foi mencionada nelas respectivamente.
Ao saber disso, o Clay fica bastante nervoso, uma vez que
ele recebeu as fitas significa que ele é um porquê e, definitivamente, ninguém
gostaria de ser um dos motivos que levaram uma pessoa a se matar. Mas, ele ouve
as fitas mesmo assim, e com isso, a narração é intercalada entre o Clay e a
transcrição do que há nas fitas na voz de Hannah.
No começo ficou um pouco confuso saber de quem era a voz
narrativa ali em questão, mesmo que a formatação do texto mudasse de acordo com
a voz narrativa – a narração do Clay tinha a formatação padrão, enquanto a da
Hannah era em itálico.
Logo, chega um momento do livro, na minha opinião, em que a presença do Clay é
totalmente desnecessária, pois, a Hannah rouba toda a cena, e para lembrar ao
leitor que o Clay existia, ele aparecia em momentos totalmente desnecessários,
na maioria das vezes, sem absolutamente nada de importante para acrescentar à
história. Isso me fez achar esse personagem super supérfluo e irritante, a
única contribuição dele é nos fazer saber o conteúdo das treze fitas.
Ao ir aprofundando cada vez mais na leitura, fui descobrindo
quais eram as razões que levaram Hannah a tomar tal decisão, e concordo que ela
passou por várias situações difíceis.
Além de abordar uma temática séria que é o suicídio na adolescência,
o autor também trabalha em seu livro questões corriqueiras que podem levar uma
pessoa à depressão e, consequentemente, a cometer suicídio. Questões como
bullying, baixa autoestima, críticas destrutivas e histórias maldosas/mentirosas
que outras pessoas inventam, podem trazer consequências drásticas à vida de uma
pessoa, isso acabou gerando uma reflexão enquanto estava lendo, além de ter
feito rever algumas das minhas atitudes, uma vez que jamais saberemos o real
impacto que nossas ações terão na vida de outra pessoa.
Thirteen Reasons Why é um livro denso, pesado de ser lido, a
maneira em que Hannah se referia à sua própria vida nas transcrições das
fitas realmente me chocou, foi um baque, um soco no estomago, pois é narrado de
uma forma muito crua, sarcástica e com muita dor.
É claro que esse é apenas uma representação fictícia de como
uma pessoa suicida se sente em relação à própria vida, mas mesmo assim, é impactante
ver o quanto foi doloroso para ela vivenciar tudo o que passou.
13RW é um livro que causa muitas reflexões e trabalha um
tema sério que tem acontecido com uma frequência absurda – pelo menos na região
em que eu moro –, e a sociedade parece fechar os olhos para essa problemática,
assim como para outras. Além de cutucar a ferida, o livro chama atenção para
as nossas ações como indivíduos únicos e as consequências que tem nas vidas de
outras pessoas, mas como também, a não banalização do tema, que é algo muito sério,
e deve ser tratado como tal.
Em síntese, Thirteen Reasons Why (ou Os 13 porquês, na versão do Brasil), é recomendado para aqueles que desejam ter um conhecimento mais verossímil acerca do suicídio, em como uma pessoa que sofre bullying constantemente se sente, nos fazer ter uma noção, mesmo que breve e superficial, do que pode se passar na cabeça de uma pessoa suicida. Apesar de ser uma leitura densa, o livro traz ótimas reflexões acerca do assunto e do que permeia o tema.