22 de março de 2018

Resenha: Call Me By Your Name, de André Aciman

© Elton Cardoso
“Call Me By Your Name”, do escritor americano André Aciman, é uma das obras mais bombadas desses últimos meses graças ao grande retorno que a versão cinematográfica está tendo e, agora, mais do que nunca com as quatro indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

A história se passa majoritariamente durante os anos 1980 na Itália e é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Elio. Logo no começo do livro, o Elio, que tem apenas 17 anos, nos conta que seu pai é um grande professor universitário que tem uma bela casa de veraneio em algum lugar da Itália, e que, todos os anos, durante as férias de verão, ele seleciona um aluno doutorando para se hospedar em sua casa e poder dar andamento à obra em que esteja trabalhando e, em troca, o escolhido terá que trabalhar com o anfitrião por pelo menos uma hora por dia ajudando-o com seus papéis e questões burocráticas.

O escolhido atual é o americano Oliver, que tem 24 anos, e é descrito pelo Elio como sendo um cara bastante bonito, atraente e seguro de si. Assim que eles se veem pela primeira vez, um sentimento diferente surge no Elio o que, com o passar de alguns dias ele descobre que realmente está afim do Oliver.

Uma vez que Elio está seguro acerca do que sente em relação ao seu novo hospede, porém, inseguro se será correspondido, ele, discretamente começa a dar alguns sinais de seus sentimentos para Oliver, este, pretende fingir que não está reconhecendo os sinais. Eis que, em um determinado dia, Elio, já cansado dessa incerteza, decide expor o que sente, e é surpreendido ao descobrir que Oliver também compartilha do mesmo sentimento para com ele.

Consoante a isso, é iniciada uma grande aventura romântica entre eles, e Elio, pode, enfim, realizar todos os seus desejos sexuais junto com o seu grande amado Oliver. Daí, vamos acompanhando todo o desenrolar dessa relação, como a primeira vez deles, a intensidade, sensualidade, desejo e sexo que são exalados quando ambos estão juntos e, principalmente, os sentimentos.

Muita gente criticou o fato de um homem de 24 anos está se relacionando sexualmente com um adolescente de 17 anos, o que, aqui no Brasil, em alguns casos, se enquadraria como pedofilia, porém, vale a pena ressaltar que a história é ambientada na Itália nos anos 1980, lá, a idade de consentimento é de 14 anos e, o Elio consentiu — e queria muito — o ato sexual entre eles.

Na minha opinião, a melhor parte do livro é a forma como o autor narra, através da visão do jovem Elio, os sentimentos que ele sente em relação ao estar apaixonado por outra pessoa, assim como todo os sentimentos de confusão, aflição, angústia e paixão que ele sente. Toda essa parte é carregada de uma grande carga de sensibilidade, é bastante tocante e real a forma como isso é retratado no livro, sério, é muito lindo.

Já a parte que eu não gostei foi em relação à narrativa. Como já mencionei, o livro é narrado em primeira pessoa sob a visão do Elio, ou seja, tudo o que sabemos é o que o Elio sabe, só sabemos o que ele sente em sua totalidade, o que os outros estão sentindo ou passando só é de nosso conhecimento se o Elio souber. Com isso, o ritmo do livro também é o do Elio, de acordo com o tempo que ele levou e estimou para assimilar e fazer algumas coisas, isso, na minha opinião, fez a leitura do livro ficar bastante enfadonha, lenta, se arrastando, em algumas partes eu fiquei lendo no automático — e cabeça pensando em qual seria a próxima série que eu ia ver na Netflix — e eu tive que voltar e ler novamente para poder entender o que estava acontecendo.

Outra coisa que eu não gostei parcialmente foi a “utopia” que a história apresenta em alguns pontos, como o fato deles poderem viver o amor deles como se fosse um filme das Princesas da Disney, sem absolutamente nada para impedi-los ou contrariá-los (até as Princesas tem alguém para encher o saco delas). Entretanto, confesso que, diante da realidade que o Elio vivia — totalmente distinta da minha —, isso era muito possível de se acontecer. Afinal, a família do Elio tem um certo status social, financeiro e intelectual. A casa dele vivia cheia de intelectuais acadêmicos das mais variadas áreas, além de os pais o terem criado com bastante liberdade, fazendo deles uma família bastante à frente de seu tempo, mas isso não os deixava isentos de não intervir. Há uma parte bastante interessante que é o monólogo que o pai do Elio diz para ele, muito emocionante.

Ou, talvez o vilão não precise ser necessariamente uma pessoa, mas algo que ninguém tem controle sobre, como o Tempo. Fiquei pensando muito sobre isso no meu momento reflexão pós término de livro


Call Me By Your Name é um livro bastante sensível, com seus altos e baixos como toda história tem e retrata um período lindo e único na vida de uma pessoa, o primeiro amor. Então se você procura uma história de amor que se passa na Itália (André Aciman conseguiu deixar a Itália ainda mais linda e interessante com este livro), então, você terá grandes chances de gostar desse livro.


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