© Elton Cardoso |
“Call Me By Your
Name”, do escritor americano André Aciman, é uma das obras mais bombadas desses
últimos meses graças ao grande retorno que a versão cinematográfica está tendo
e, agora, mais do que nunca com as quatro indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor
Filme.
A história se passa
majoritariamente durante os anos 1980 na Itália e é narrada em primeira pessoa
pelo protagonista Elio. Logo no começo do livro, o Elio, que tem apenas 17
anos, nos conta que seu pai é um grande professor universitário que tem uma
bela casa de veraneio em algum lugar da Itália, e que, todos os anos, durante
as férias de verão, ele seleciona um aluno doutorando para se hospedar em sua
casa e poder dar andamento à obra em que esteja trabalhando e, em troca, o
escolhido terá que trabalhar com o anfitrião por pelo menos uma hora por dia
ajudando-o com seus papéis e questões burocráticas.
O escolhido atual é
o americano Oliver, que tem 24 anos, e é descrito pelo Elio como sendo um cara
bastante bonito, atraente e seguro de si. Assim que eles se veem pela primeira
vez, um sentimento diferente surge no Elio o que, com o passar de alguns dias
ele descobre que realmente está afim do Oliver.
Uma vez que Elio
está seguro acerca do que sente em relação ao seu novo hospede, porém, inseguro
se será correspondido, ele, discretamente começa a dar alguns sinais de seus
sentimentos para Oliver, este, pretende fingir que não está reconhecendo os
sinais. Eis que, em um determinado dia, Elio, já cansado dessa incerteza,
decide expor o que sente, e é surpreendido ao descobrir que Oliver também
compartilha do mesmo sentimento para com ele.
Consoante a isso, é
iniciada uma grande aventura romântica entre eles, e Elio, pode, enfim,
realizar todos os seus desejos sexuais junto com o seu grande amado Oliver.
Daí, vamos acompanhando todo o desenrolar dessa relação, como a primeira vez
deles, a intensidade, sensualidade, desejo e sexo que são exalados quando ambos
estão juntos e, principalmente, os sentimentos.
Muita gente
criticou o fato de um homem de 24 anos está se relacionando sexualmente com um
adolescente de 17 anos, o que, aqui no Brasil, em alguns casos, se enquadraria
como pedofilia, porém, vale a pena ressaltar que a história é ambientada na
Itália nos anos 1980, lá, a idade de consentimento é de 14 anos e, o Elio
consentiu — e queria muito — o ato sexual entre eles.
Na minha opinião, a
melhor parte do livro é a forma como o autor narra, através da visão do jovem
Elio, os sentimentos que ele sente em relação ao estar apaixonado por outra
pessoa, assim como todo os sentimentos de confusão, aflição, angústia e paixão
que ele sente. Toda essa parte é carregada de uma grande carga de
sensibilidade, é bastante tocante e real a forma como isso é retratado no
livro, sério, é muito lindo.
Já a parte que eu
não gostei foi em relação à narrativa. Como já mencionei, o livro é narrado em
primeira pessoa sob a visão do Elio, ou seja, tudo o que sabemos é o que o Elio
sabe, só sabemos o que ele sente em sua totalidade, o que os outros estão
sentindo ou passando só é de nosso conhecimento se o Elio souber. Com isso, o
ritmo do livro também é o do Elio, de acordo com o tempo que ele levou e
estimou para assimilar e fazer algumas coisas, isso, na minha opinião, fez a
leitura do livro ficar bastante enfadonha, lenta, se arrastando, em algumas
partes eu fiquei lendo no automático — e cabeça pensando em qual seria a próxima série que eu ia ver na
Netflix — e eu tive que voltar e ler novamente para poder entender o que estava
acontecendo.
Outra coisa que eu não gostei parcialmente foi a “utopia” que a história apresenta em alguns
pontos, como o fato deles poderem viver o amor deles como se fosse um filme das
Princesas da Disney, sem absolutamente nada para impedi-los ou contrariá-los
(até as Princesas tem alguém para encher o saco delas). Entretanto, confesso
que, diante da realidade que o Elio vivia — totalmente distinta da minha —,
isso era muito possível de se acontecer. Afinal, a família do Elio tem um certo
status social, financeiro e intelectual. A casa dele vivia cheia de
intelectuais acadêmicos das mais variadas áreas, além de os pais o terem criado
com bastante liberdade, fazendo deles uma família bastante à frente de seu
tempo, mas isso não os deixava isentos de não intervir. Há uma parte bastante
interessante que é o monólogo que o pai do Elio diz para ele, muito
emocionante.
Ou, talvez o vilão não precise ser necessariamente
uma pessoa, mas algo que ninguém tem controle sobre, como o Tempo. Fiquei
pensando muito sobre isso no meu momento reflexão pós término de livro
Call Me By Your Name é um livro bastante sensível,
com seus altos e baixos como toda história tem e retrata um período lindo e
único na vida de uma pessoa, o primeiro amor. Então se você procura uma
história de amor que se passa na Itália (André Aciman conseguiu deixar a Itália
ainda mais linda e interessante com este livro), então, você terá grandes
chances de gostar desse livro.
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